sábado, 9 de fevereiro de 2008

PATAGÓNIA (cont.)






























Hoje começo por responder ao comentário do Hugo, pois poderá interessar a todos que pretendam visitar a Patagónia.
Não pedi esse tipo de informação, mas o que me pareceu é que não será muito seguro viajar para a Patagónia sem hotel marcado, porque El Calafate (porta de saída para o Parque Nacional dos Glaciares, a cerca de 80 Km) é uma cidade muito pequenina e pitoresca com pouquíssimos hoteis. Além disso a taxa de crescimento de Turismo é de tal maneira elevada que se prevê que em 2010 atinja os 750.000 turistas/ano (em 2004 houve 90.296 visitantes). A crise económica que atingiu a Argentina na viragem do milénio não se verificou na Patagónia; muito pelo contrário. Nas últimas 2 décadas cresceu 10% ao ano e mais recentemente, após construção do novo aeroporto chegou a atingir em alguns anos os 150%! É que estamos a falar de Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, desde 1981. Não há fotos, não há filme não há palavras que possam descrever tamanha beleza. É preciso lá ir.
Vamos continuar a nossa viagem.
No 7º dia começa o ponto alto. É que chego finalmente aos Glaciares. Em Puerto Bandera embarco num catamaran que navega pelo braço norte do Lago Argentino, atravessando grandes blocos de gelo que se vão desprendendo de forma constante, até aproximar-se do Glaciar Upsala. Este é o maior do Parque Nacional com uma superfície de 1000 km2 mas também o menos acessível. Continuamos atravès do Canal Onelli até à Baía Onelli para uma caminhada Pelo Bosque Andino-Patagónico (onde fizemos um pic-nic). Boa caminhada entre uma mistura de natureza viva e morta. Aconselho. A Baía é muito bonita pois os Glaciares descem as montanhas até à superfície da água formando grandes e pequenos "flocos" de gelo (que podemos tocar) e dando origem a uma paisagem belíssima.







O 8º dia é o ponto mais alto da minha viagem. El Calafate é uma cidadezinha muito gira. Sentimo-nos na Patagónia: casas de madeira, gelo ao longe, gente muito simpática. Estamos a 80 Km do Parque Nacional dos Glaciares. E lá vão as 2 camionetas. Ao lado direito da estrada vamos observandoo Lago Argentino. Metade do caminho é feito atravès das planícies patagónicas com pastos duros e espinhosos de cor amarelada e os "Calafates"que são arbustos com flores amarelas e frutos violeta saborosos. Diz a lenda: "Quem come volta sempre - o resto é gelo". EU COMI.



Logo que entramos no Parque Nacional a paisagem muda por completo. Branco, azul turquesa e verde. Vemos ao longe o Perito Moreno. Mas ainda não nos aprcebemos da sua grandiosidade. Paragem para fotos. Para quê??? Só se via ao longe. Ninguém imaginava o que ia ver. Mais uns minutos de camioneta e chegámos a um largo onde outras camionetas já estavam paradas. Começámos a descer passarelas e escadas em madeira, até ficarmos a cerca de 200 metros da frente do glaciar. A visão é inesquecível: um gigantesco bloco de gelo azul turqueza com 195 km2 de superfície, 30 km de longitude, 5 km de frente e a altura da parede frontal oscila entre os 30 e os 60 m sobre o nível do Lago Argentino. Na parte central do glaciar a profundidade do gelo é de 250 a 350 metros. E lá estou eu, com os pés colados ao chão, sem me mexer, quase sem respirar, olhos fixos naquele espectáculo único. De vez em quando soltavam-se grandes blocos do glaciar (algunsdo tamanho de automóveis) provocando enormes estrondos ao cair no Lago Argentino. Tudo me parecia irreal. Senti-me num conto de fadas onde por uns instantes passo pelo Paraíso. Chamaram-me. Hora de seguir viagem. Não ouvi. Não queria e não podia sair dali. Alguém me levou por um braço até à camioneta. Não queria sair do sonho. Se deus existe ouviu-me. A seguir fizemos outro passeio de barco bastante perto da parede frontal do Glaciar. Estas são duas formas de usufruir desta maravilha da natureza. Mas há outra: caminhar sobre o glaciar. Existem caminhadas organizadas com guias especializados. Marquem com bastante antecedência, porque para além de ser uma actividade muito procurada, por questão de segurança os grupos são pequenos. Não arrisquem ir sàzinhos. É demasiado perigoso.
Outra vez avião agora para Ushuaia, a cidade mais ao sul do planeta. Na minha imaginação (por estar tão ao sul em zonas de gelo e muito longe de outras cidades) seria quase deserta, com pouquissimos carros, maioria da população idosa. TUDO AO CONTRÁRIO. O transito é caótico. Para chegarmos ao hotel demorámos 2 horas para percorrer alguns kilómetros. O movimento de pessoas é intenso. E mais de 90% da população é jovem. A cidade é bonita com os Andes como "pano de fundo". Tudo se passa praticamente, só numa avenida e na zona do porto. Em Ushuaia comprei um blusão em lã de merino que ainda hoje me acompanha quase todos os fins-de-semana. Há muito bonitos. O difícil é escolher.
Ainda fomos ao Parque Nacional Tierra del Fuego a 12 kilómetros de Ushuaia. Vimos o Canal Beagle, o rio Lapataia, a belíssima Laguna Verde. Muito se pode ver em Ushuaia, como por exemplo fazer um passeio no "Tren Fin-del-Mundo" que chega muito perto da fronteira com o Chile, junto aos Andes.
Estamos quase no fim. No dia seguinte voo para Buenos Aires. Mais um dia na capital. Optimo. É bom passear em Buenos Aires. No dia seguinte estava em Lisboa.
Espero que vos tenha entusiasmado a fazer esta viagem. Tenho 52 anos (mas sinto-me com 25. Lol). Já poucas coisas me impressionam. Podem contar-se pelos dedos de uma mão. O Glaciar Perito Moreno foi uma delas. Das outras falar-vos-ei mais tarde. Vou recomeçar as aulas. Preciso estudar. Até breve.









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